sexta-feira, outubro 7

Do Blog: Conversa de Beleza - Além do que se vê (Republicado)

Bom dia minhas gatonas, tudo bem? Então hoje o post não é nenhuma sugestão de make pro findi, mas uma sugestão pra vida, para as nossas vidas.
O post abaixo foi retirado do Blog Conversa de Beleza que a queridíssima Renata, autora do mesmo, dedicada e muito querida me autorizou a publicar aqui.

Espero que tenham paciência para lê-lo, pois o mesmo chega a emocionar em certos momentos do texto, agora com vocês, Renata:


Título: Além do que se vê

Publicado originalmente em 16 de agosto de 2010. Resolvi republicá-lo porque quero tratar de um tema relacionado a ele e acho que muitas das minhas leitoras atuais não o conhecem. 

(( Senta e pega o café, que lá vem história ))

Hoje eu não quero falar de maquiagem. Este é um post longo, mas que eu considero necessário. Porque eu escrevo um blog falando de beleza, maquiagem e outras coisas para polir, pintar ou “melhorar” nossas peles, unhas, cabelos. E eu digo “melhorar” entre aspas mesmo, porque é preciso ter cuidado com esta palavra: nós não somos imperfeitas ao natural. Mas, nós podemos usar a maquiagem para sermos um pouco diferentes, mais coloridas, com a pele mais homogênea, por exemplo. E quando a gente fala muito sobre maquiagem e exterior, pode esquecer de noções muito mais importantes, muito mais interessantes e reais que produtos para colorir nossa superfície. Então, hoje não vai ter nada de maquiagem.

Ela até vai permear essa estória, mas não é parte central dela, assim como não é parte central das nossas vidas – é um acessório, um enfeite, uma ligeira obsessão colorida para nos distrair das obrigações sépias, cinzas e pesadas. Amanhã a gente volta para as maquiagens, prometo.
Hoje eu quero falar de uma liberdade que devemos cultivar com persistência e coragem: a liberdade de sermos nós mesmos. Não interessa o que os outros vão pensar, não interessa se o vizinho vai gostar. Não interessa do quê o marido/namorado/amigos gostam: interessa é de quem eles gostam. E se eles gostam de você, vão gostar, entender ou aceitar todas as manifestações da sua pessoa, da sua personalidade. Desde que, é óbvio, suas manifestações não firam o direito nem a liberdade dos outros.

No caminho para exercer esta liberdade – e este direito nosso de sermos quem somos sem julgamento de terceiros – sempre encontramos os mais diversos obstáculos. Muitas vezes, nem os percebemos. Eu vou dar enfoque à maquiagem, aqui neste texto, mas acho que um bom exercício é vocês estenderem questionamentos e avaliações para outros pontos da sua vida. Para que vocês se libertem do julgamento dos outros, do famoso “o que os outros vão pensar?”.
O primeiro obstáculo é o julgamento das “autoridades” e dos especialistas, é aquela gente que vem ditar regras sobre o que se usa, como se usa, o que é “in”, o que é “out”. Outro dia, uma maquiadora decretou o fim do gloss. Ora, me poupe! E porque a pessoa decretou que gloss está out, eu devo jogar os meus todos fora? Junto com o meu gosto? Porque, atenção: eu gosto de gloss, então eu uso. Simples, né?

Tem também aqueles que atribuem à maquiagem um único papel e lhe atribui um poder absurdo e castrador: corrigir imperfeições. Quais imperfeições, pelamordedeus? Quem foi que categorizou e listou uma série de características nossas como imperfeições? Tudo bem, a gente gosta de disfarçar uma olheira ou uma espinha – mas a que nível chegou a nossa obsessão com beleza a ponto de ficarmos o tempo todo mascarando as ditas imperfeições? A que ponto vamos nos permitir ser massacrados pelo que os outros dizem?

Outro dia, a Bobbi Brown lançou uma paleta colorida, minúscula e muito cara. E o pior, teve o desplante de dar uma entrevista para a Allure e declarar:
“Bobbi Brown’s new Brights Palette reminds us of a sheet of candy buttons, but the 35 dots of eye shadow were inspired by something sour: what Brown calls her “ugly kit.” By this, she means colors that work well on photo shoots–but not always so much in everyday life. She recommends wearing the vibrant, highly pigmented shades sparingly, with neutral colors on the lips and cheeks. If you go through this palette quickly,” Brown adds, “you’re wearing it wrong.” -Kayleigh Donahue
“A nova Brights Palette de Bobbi Brown nos lembra uma folha com docinhos em botões, mas os 35 pontos de sombras foram inspirados em algo mais azedo: é o que Bobbi chama de seu ‘kit feio‘. Por isso, ela quer dizer que cores funcionam bem em sessões de fotos – mas não tanto no nosso cotidiano. Ela recomenda usar raramente as vibrantes e altamente pigmentadas sombras, com cores neutras nos lábios e bochechas. ‘Se você acabar rapidamente com essa paleta, você a está usando errado‘ ” (grifos meus)
 
((preciso comentar de novo o fato da paleta ser minúscula e ridiculamente cara))

Eu aceito que uma pessoa possa expressar a sua opinião, muito embora eu entenda que uma pessoa pública e que representa uma marca de maquiagem (produtos para, dãã, colorir o rosto) deva pensar melhor antes de criticar o gosto de zilhares de amantes de sombrinhas coloridas. Eu não aceito, embora respeite o direito dela de proclamar idiotices, que ela me rotule ou rotule o meu gosto, ou meu “mau” gosto pelas sombras que eu gosto de usar. Eu não aceito que ela decrete que o meu jeito de usar está errado! Assim, eu nunca mais comprei nada da marca dela. Nem nunca mais comprarei. Porque se não respeita a diversidade e o exercício da pluralidade, não tem nada que me interesse, por mais legais que sejam seus produtos. Quem é ela? A Gestapo das maquiagens? Fiquei tão incrivelmente revoltada com essa declaração!

Outra coisa que eu simplesmente não entendo é quando alguém vai perguntar a opinião masculina sobre assuntos notoriamente femininos: por exemplo, cor de esmalte, moda feminina, etc. Oras, a gente só se veste e se pinta para conquistar homem? Não vou me alongar muito sobre o fato de que invariavelmente os homens ouvidos são da mais profunda e arraigada ignorância e convencionalismo. E quem vai lá ouvir os homens é vítima do mais profundo, arrasador, arraigado, retrógrado e desgraçado machismo. A maioria destes blogs – onde vi isso –  é feito por mulheres mais novas e talvez tenham como público-alvo mulheres mais novas – pelo menos é o que eu supus vendo a foto e a idade dos homens ouvidos. Este é o exemplo que nós queremos passar às meninas mais novas? Que a gente está aqui neste mundo para enfeitar, para agradar os olhos masculinos e para atrair marido? E que é preciso o selo de aprovação dos homens para a gente ser permitida a usar tal coisa? Valha-me Deus, isso é de um machismo avassalador - e me deixa ainda mais chocada pelo fato de partir da própria mulher semelhante posição.  E vi isso em blogs de muita visitação e até em revistas de circulação nacional. Pergunto: que mensagem estamos levando às nossas meninas? Que precisamos ser perfeitas, magras, uniformes e homogêneas. Que precisamos nos encaixar. Que precisamos não nos distinguir do meio. Que existimos para agradar os homens. Bah!
Eu me maquio porque eu gosto. Eu pinto minhas unhas da cor que eu gosto. Se eu já sou obrigada a seguir certas regras de vestuário por decoro e até respeito ao ambiente profissional, tudo bem. Agora, eu vou permitir que alguém dite as regras do que eu posso ou devo usar nos meus dias livres?

 
Misturinha “blurple” (que não é roxa nem azul, blue+purple ;) ) + konadicure Coraline

Penso assim: quem me ama, o faz com minhas pestanas claras, meu cabelo de leão e minhas unhas coloridas. Quem me ama respeita as minhas escolhas, mesmo se não concordar com elas. Quem me ama faz muito mais: entende que as minhas escolhas fazem parte do meu imenso repertório, que elas refletem tantos outros gostos, meu bom humor, meu apego por Coraline. Quem me ama acha encantador que eu escolha unhas azuis porque, de alguma forma, elas refletem muito mais do que a luz. Elas trazem à tona, à superfície, ah!, elas revelam questões e aspectos que estão muito, mas muito além do que se vê. E é esse conjunto de coisas  que é amado, não só o rótulo.

Então, pensem bem: a gente vive para agradar a quem? Vocês se arrumam e se enfeitam, se pintam e se ataviam para quem? Pensem mais: se os seus amigos não gostam e criticam a cor das suas sombras, ou se um homem não ficar com vocês por causa da cor das suas unhas, você é o quê? Uma lata de sopa, para ser “medida” pela embalagem?

Palavras minhas: Se você puder dar uma passadinha no blog da Rê e olhar os comentários, vai ver... tem muita mulher revoltada com as "regras" que a sociedade e NÓS mesmas impomos a tudo e todos, de todos esses comentários uma frase me marcou da Sony, leitora do Blog dela... Espero que lembrem-se disso a vida toda, cada vez que estiverem arriscando a maldita BELEZA, pensem nisso...

De Sony nos comentários do Blog Conversa de Beleza:

"O essencial é invisível aos olhos, a maquiagem nada mais é do que se sentir linda e se divertir!!!!!"(Sempre!)

Fico por aqui hoje, Beijos!!!!



2 comentários:

  1. Adoooorei o texto!
    Beeijo!

    www.blogmundoparalelo.com

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  2. Oi! Já tinha lido o texto da Renata e fiquei feliz de encontrá-lo aqui. É uma mensagem que merece e precisa ser compartilhada! bjs!

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